terça-feira, 6 de julho de 2010

Mais um bocadinho...

"Uma manhã, aconteceu. Abriu os olhos e lá estava ela, sorridente, agachada junto a ele. Estava vestida de azul, um azul tão claro que mais parecia água transparente, o mesmo azul que cobria as pequenas asas. Morten interrogou-se se todos os vestidos dela teriam asas. Queria perguntar-lhe mas receava que muitas questões fossem demasiadas e acabassem por a afastar, tal como temia que, se não fizesse perguntas, se permanecesse calado, ela se fosse embora.
Morten sentou-se, ainda meio ensonado, sem perceber muito bem se estava acordado ou a dormir e, mais uma vez, a sonhar com Freyja."


"Não estava zangada, dificilmente poderia ficar zangada com Morten. Percebera desde o primeiro momento que aquela tristeza era tão genuína e tão profunda que não poderia servir de camuflagem a alguém com intenções menos valorosas. E aquele ar de deliciado, aquele olhar de criança encantada, quando contemplara o mundo dela.
Conseguira arrancar-lhe o primeiro esgar daquele que seria, provavelmente, o seu primeiro sorriso."

"Em lugar de ir para a aldeia, regressou para o castelo.
Era a primeira vez desde que era rei que não passeava pela aldeia ao início da tarde. O seu povo iria estranhar mas, naquele momento, precisava ficar só e tentar perceber como iria explicar a todos que já escolhera a sua esposa e a mãe dos seus filhos.
Apressou o passo e rapidamente chegou ao castelo, onde se recolheu nos seus aposentos, perante o espanto dos trabalhadores.
A palavra que o rei chegara demasiado cedo ao castelo e que estava encerrado nos seus aposentos correu veloz pelo castelo, chegando aos ouvidos do anão.
Embora soubesse que seria insultado e maltratado, o anão percebeu que a situação era demasiado grave para se preocupar consigo próprio e correu para os aposentos do rei, entrando mesmo sem se anunciar."

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