quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

"A Ilha"

"De facto, depois das tentativas que já fizera, só via uma solução: mandar os dois vizinhos a mudarem-se para lados opostos da aldeia. Caso não se mudassem, o rei recusar-se-ia a perder mais tempo com os dois teimosos.


Embora não estivesse contente com a sua decisão, era a única que lhe restava e sentia-se aliviado por encerrar aquele caso. E depois, precisava de concentrar todas as suas forças naquele estranho que aparecera na Ilha. Tinha que perceber qual o seu objectivo, se viera sozinho, se atrás dele viriam outros invasores. Caso o estranho tivesse vindo sozinho, a situação seria mais fácil. Só tinha que decidir se se devia dar a conhecer ou não. Se se tratasse de um homem de confiança, poderia até integrar-se na aldeia, no seu povo, ser um dos seus.

No entanto, havia a possibilidade de ele ser somente o primeiro de muitos outros, de estar apenas a abrir caminho para os novos invasores. O jovem rei não sabia como lidar com a perspectiva de uma nova invasão." in "A Ilha" disponível no Google Books

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

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"Dívida de Honra"

"- E as pessoas? O que é que acham?
- Estão na expectativa, claro. Qualquer um de nós está na expectativa. Nós chegámos a achar que o nosso projecto não ia avançar. Mas parece que o Governo Provisório se preocupa com a ciência e lá arranjaram maneira de nos deixar vir. E conseguiram arranjar dinheiro, um milagre, certamente, mas arranjaram. – Renato não era capaz de pensar em mais nada, ficando em silêncio por alguns momentos.
Sentia o seu abdómen contrair-se e relaxar-se repetidamente e com uma rapidez crescente, de tal forma que achava que Catarina conseguia ver os movimentos.
De facto, ela não conseguia ver, mas adivinhava-os."
"Era mais um encanto daquele homem. Tinha aquele ar robusto, confiante e agarrara-lhe a mão como quem tinha a certeza de que era isso mesmo que queria fazer, mas as pernas tremiam-lhe perante a possibilidade de ela poder ter razões para não querer ser associada a ele daquele modo.
- Eu quero, não é preciso ter medo. Foi uma reacção impulsiva, impensada. – Renato voltou a agarrar-lhe a mão com a mesma confiança e dirigiu-se a casa de Maria, perante os olhares dos seus vizinhos, alguns directos e outros escondidos pelas portadas de madeira entreabertas.
Bateu à porta e Maria apareceu, não conseguindo disfarçar a surpresa ao ver Catarina. A surpresa aumentou ao ver que estavam de mão dada e Catarina apercebeu-se, levando-a a puxar a sua mão. Mas Renato não a deixou soltar-se."
in "Dívida de Honra" disponível em www.bubok.pt