quinta-feira, 4 de março de 2010

Novos excertos de "A Ilha"

Novos excertos de "A Ilha"

"- Pedimos desculpa, mas é um assunto demasiado... como dizer... – o rei estranhou a conversa, mas dada a cara de caso que as duas tinham, resolveu sentar-se e convidá-las a fazerem o mesmo.
- Então, o que é que se passa?
- Bom, as mulheres da aldeia reuniram-se. – o rei franziu o sobrolho. Conhecia bem as mulheres da sua aldeia e quando elas se reuniam, nunca era coisa boa.
Eram teimosas e determinadas e quando decidiam fazer algo, era precisa muita arte para as convencer do contrário. Permaneceu em silêncio, esperando que elas continuassem a conversa, mas as duas pareciam demasiado atrapalhadas para avançar com a conversa.
- Bom, afinal, vão falar ou não?
- É um assunto muito sério, sabe...
- Já percebi, mas o que é que pode ser tão sério que vos deixe assim tão encabuladas? Vocês sempre tiveram a língua tão solta..."


"O jovem rei abandonou o castelo discretamente, como se se estivesse a preparar para dar um longo passeio.
Caminhou pelo bosque, devagar, procurando desfrutar de tudo como se fosse a última vez que o fazia. O cheiro a erva fresca, o ruído do vento a brincar com as folhas das árvores, os pequenos pássaros a voarem tão baixo que quase lhe arrancavam os cabelos.
A meio do caminho parou.
Sentou-se no chão e fechou os olhos.
Queria ficar ali o resto da sua vida, no meio das coisas simples, rodeado por tudo aquilo que nunca o poderia magoar.
Lembrava-se de quando era pouco mais que uma criança e passeava pelo bosque com o seu pai. De como aprendera a respeitar as flores, as árvores, os pássaros. A respeitá-los como se fossem seus irmãos.
Lembrava-se de como achava que tudo era mágico no bosque, como se falassem com ele, como se lhe dessem conselhos, o chamassem para brincar.
Sempre que passeava naquele local, tinha aquela sensação, como se tudo ganhasse vida."

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