quarta-feira, 23 de março de 2011
"O Avião"
"Mariana percorreu o enorme aeroporto pela enésima vez, sempre com a sensação que estava a correr contra a maré, fosse em que sentido fosse.
Olhava fixamente para todas as caras, procurando qualquer pormenor que lhe dissesse que aquele homem ou aquela mulher era Simão.
Quando aceitara encontrar-se com ele naquele aeroporto, um território neutro como ele lhe chamara, nem sequer sabia com certeza que se tratava de um homem. "
"O comandante ficou a vê-los descerem a colina rapidamente e algo se ligou de repente e de forma violenta no seu cérebro.
- Afastem-se!
Afastem-se daí! – gritou-lhes, correndo na direcção deles para os puxar para trás, ao aperceber-se que eles não o tinham ouvido. Ou que simplesmente o tinham ignorado, como tantas vezes faziam, na ansiedade de ajudarem alguém.
Reuniu-os e ordenou-lhes que subissem a colina.
Daquele ponto mais elevado conseguiu perceber a real extensão daquilo que tinham em mãos."
in "O Avião"
terça-feira, 15 de março de 2011
"Dívida de Honra"
"Dívida de Honra"
"A sua mudança para aquele lugarejo não fora voluntária, mas, pelo menos, tivera a liberdade de escolher o local, privilégio raro naqueles tempos. Na verdade, Renato acreditava que tivera escolha para se enganar a si próprio, já que se vira obrigado a fugir da sua vida na cidade.
A escolha não fora, de facto, voluntária. Precisava de um sítio sossegado, discreto, onde não tivesse qualquer oportunidade de chamar as atenções sobe si próprio. E esse sítio era aquele lugarejo, um local escolhido no mapa precisamente porque não estava lá.
As cartas militares indicavam a existência de algumas casas, mas nem sequer tinha nome. Ou seja, para Renato, era o sítio ideal."
"Era engraçado como conseguira apagar da sua memória as suas relações pessoais – pelo menos acreditava que sim – mas não conseguira esquecer a televisão, o poder ir a uma biblioteca, o sair para a rua e dar dois dedos de conversa com o vizinho da frente.
Quando chegara ao lugarejo, nos primeiros dias, ninguém lhe falava. Quando passava por alguns dos seus novos vizinhos, cumprimentava-os sempre, mesmo sabendo que nenhum deles lhe responderia. Aliás, isso até o espicaçava. Cada vez que dizia bom dia e recebia de volta um silêncio sepulcral, tinha ainda mais vontade de puxar conversa."
in "Dívida de Honra" disponível através de http://www.bubok.pt/
"A sua mudança para aquele lugarejo não fora voluntária, mas, pelo menos, tivera a liberdade de escolher o local, privilégio raro naqueles tempos. Na verdade, Renato acreditava que tivera escolha para se enganar a si próprio, já que se vira obrigado a fugir da sua vida na cidade.
A escolha não fora, de facto, voluntária. Precisava de um sítio sossegado, discreto, onde não tivesse qualquer oportunidade de chamar as atenções sobe si próprio. E esse sítio era aquele lugarejo, um local escolhido no mapa precisamente porque não estava lá.
As cartas militares indicavam a existência de algumas casas, mas nem sequer tinha nome. Ou seja, para Renato, era o sítio ideal."
"Era engraçado como conseguira apagar da sua memória as suas relações pessoais – pelo menos acreditava que sim – mas não conseguira esquecer a televisão, o poder ir a uma biblioteca, o sair para a rua e dar dois dedos de conversa com o vizinho da frente.
Quando chegara ao lugarejo, nos primeiros dias, ninguém lhe falava. Quando passava por alguns dos seus novos vizinhos, cumprimentava-os sempre, mesmo sabendo que nenhum deles lhe responderia. Aliás, isso até o espicaçava. Cada vez que dizia bom dia e recebia de volta um silêncio sepulcral, tinha ainda mais vontade de puxar conversa."
in "Dívida de Honra" disponível através de http://www.bubok.pt/
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terça-feira, 1 de março de 2011
Destino amoroso
Surgiu uma pequena discussão sobre o destino amoroso dos três personagens principais de "A Ilha". Alguns parecem desiludidos com a escolha da personagem feminina. O que têm a dizer?
Gostaram ou preferiam outro final?
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